segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Insider trading, governança corporativa e o valor das ações

Após um longo processo, foi publicado hoje o número da Revista de Administração da USP com um artigo escrito por mim, Orleans Martins e Edilson Paulo sobre o tema que dá título a essa postagem. Esse artigo foi premiado como melhor trabalho da área de mercado de capitais no Congresso USP de 2012.

O título do artigo é Avaliação de empresas e probabilidade de negociação com informação privilegiada no mercado de capitais brasileiro.

http://www.secureworldexpo.com

Um dos achados interessantes é que a "assimetria informacional" tem influência no preço das ações, principalmente para as ações daquelas empresas que estão listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa (isso é bem interessante). Esse achado corrobora o modelo teórico de Grossman e Stiglitz (1980) que tratam sobre a impossibilidade de o mercado ser totalmente eficiente, onde o mercado se equilibra em um ambiente de desequilíbrio (paradoxo de Grossman e Stiglitz).

Como principais implicações para os participantes do mercado, destacam-se as seguintes: 1) há uma alta probabilidade de negociação com informações privilegiadas; e 2) a geração de informações ainda não divulgadas formalmente é utilizada, de forma indireta, pelos participantes do mercado, à medida que são divulgadas pelas negociações dos insiders. Com base nisso, os investidores podem, à medida que percebem movimentos anormais, traçar estratégias baseadas nesse volume de negociações, fato já
explorado desde a década de 1960 (Rogoff, 1964; Jaffe, 1974), estratégia essa que no Brasil é bem limitada (causando prejuízos aos investidores) pela Instrução CVM 358 (isso também foi explorado em um outro artigo nosso apresentado no Congresso da USP de 2014 - O lado B do insider trading).

Com isso apresentamos mais evidências que mostram que a ICVM precisa ser revista, de modo que os investidores possam melhor se proteger da atuação dos insiders.

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