A deterioração rápida e intensa da
avaliação de risco de crédito do Brasil tem afetado os preços das Letras
Financeiras do Tesouro (LFT, títulos pós-fixados). O Tesouro aceitou negociar
LFT com os maiores deságios em quase um ano. Na prática, isso significa que o
Tesouro tem aceitado vender LFT a preços mais baixos. Esses papéis têm
característica de porto seguro, já que têm a
rentabilidade atrelada à variação da Selic.
As
LFT voltaram a ser vendidas com "desconto" a partir de 21 de janeiro.
No último leilão de LFT, em 18 de fevereiro, por exemplo, o Tesouro chegou a
negociar esse papel com deságio de 0,0100% ao ano - o maior desde abril do ano
passado. Trata-se de um deságio pequeno, insuficiente para gerar qualquer tipo
de desequilíbrio no mercado no curto prazo. Por ora, profissionais consultados
não acreditam que as movimentações recentes nos preços possam afetar
significativamente a rentabilidade e patrimônio dos detentores de LFT.
Para o doutor em economia e Professor do Insper João Luis Mascolo, a
queda dos preços das LFT chama atenção por ser um papel considerado livre de
risco de mercado - ou seja, não importa o rumo da política monetária, a LFT
garante ao investidor um retorno equivalente à Selic. "Portanto, se mesmo
a LFT, que é livre de risco de mercado, está caindo, é porque há um descrédito
cada vez maior na capacidade do governo de gerenciar a dívida. Acho que a
situação já está insustentável, e os preços da LFT podem deixar isso cada vez
mais claro."
Fonte: Valor
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